terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ter as rugas forjadas de um sorriso e os olhos ermos, fechados para todos que não tu. Atentos, vorazes, esfomeados. Despem quem os interrompe, num exame incessante de entender quem está à altura. Ninguém está - nunca está. Só se acendem quando o outro marca um ponto e derruba, por rasgos de segundo, a parede erguida a gelo. Só se acendem quando o outro sabe jogar o mesmo jogo. Só se acendem quando o outro está à altura.
Mas o outro nunca está. Tudo o que fica é vazio.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O frio comía-nos os ossos e os outros obrigavam-nos a devorar cigarros por saber que o amanhã é só a mesma agonia com hora marcada noutro dia do calendário.
Beijámos o tempo com as vozes em sussurro, embalados pelos poemas escritos sobre a condição da não existência.
É por isso que nos demitimos das palavras. Dos olhos. Das mãos. É por isso que ficámos com o coração na boca, à beira do sufoco, à espera que o peito se abra e a vida se vá. É por isso que percebes, que me ficas, que sabes Ser comigo. Obrigada.