quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Sufoca-me o peso esmagador desta cidade que dorme mas nunca adormece. 
Continuas de luz acesa, do outro lado do ar, nessa impiedosa obsessão que me tira o sono e a vida.
Só zumbe, a alma, como quem não quer dar descanso aos olhos que já não te querem ver.

domingo, 19 de julho de 2015

"quantas vezes estendi a mão e nela guardei a tua ausência? tenho medo, abro a mão e dela foge o pesadelo."

sexta-feira, 3 de julho de 2015

de manhã.

Quis que as minhas mãos te queimassem o corpo, linchassem a pele que dança entre os meus dedos. Que os olhos não morressem com a noite. E que a tua boca não voasse com mais ninguém.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

sábado, 2 de maio de 2015

Mais tarde ou mais cedo hei-de te escrever e não vai significar absolutamente nada.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Escrever sem merdas, porque as palavras morrem quando as peles se explodem. Assim, nos restos dos tempos, entre as sedas escuras da noite e os dedos com fome. E os lábios de ar. E as horas que escorrem para os dias que só pecam por chegar.

terça-feira, 7 de abril de 2015

A questão é sempre esta. Do que se cose por debaixo dos acordes metálicos - do que se enleia nas paredes de ferro. É sempre esta, contigo e em ti e fora de nós. Dos cheiros de ocre, das veias de cal. Das caras de sal que pintam o chão e lavam com elas a sanidade da alma.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Vamos fazer assim: fica o tempo suficiente para me ensinares a escrever nuvens bonitas. Fica o tempo suficiente para me engolires a realidade.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tinham-me morrido nas mãos, esvaído dos olhos, secado dos pulsos. Estas palavras que hoje me torcem a garganta e encobrem os olhos, estas palavras que me definham e desfiam o pano que tinha voltado a escrever.
Voou-me o vazio na loucura temporária das noites. Falou-me do outro lado da cama fria, com a voz de tenor que sufoca a boca e rasga a pele num grito em a saudade brota do nada para a espuma das ondas de ferro.





terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Ter as rugas forjadas de um sorriso e os olhos ermos, fechados para todos que não tu. Atentos, vorazes, esfomeados. Despem quem os interrompe, num exame incessante de entender quem está à altura. Ninguém está - nunca está. Só se acendem quando o outro marca um ponto e derruba, por rasgos de segundo, a parede erguida a gelo. Só se acendem quando o outro sabe jogar o mesmo jogo. Só se acendem quando o outro está à altura.
Mas o outro nunca está. Tudo o que fica é vazio.

domingo, 18 de janeiro de 2015

O frio comía-nos os ossos e os outros obrigavam-nos a devorar cigarros por saber que o amanhã é só a mesma agonia com hora marcada noutro dia do calendário.
Beijámos o tempo com as vozes em sussurro, embalados pelos poemas escritos sobre a condição da não existência.
É por isso que nos demitimos das palavras. Dos olhos. Das mãos. É por isso que ficámos com o coração na boca, à beira do sufoco, à espera que o peito se abra e a vida se vá. É por isso que percebes, que me ficas, que sabes Ser comigo. Obrigada.