As saudades são uma coisa feia. Não respiram pelo grande,
pelo nobre, pelo vasto. Prendem-se ao pequenino e ao irrisório num jogo fútil
em que o poder está do lado de quem não gosta mais. São picuinhas e são sujas. E
subsistem desgraçadamente nos acessórios. Como a forma de pegar na garrafa de
cerveja. Ou a maneira estúpida de fumar. Ou o jeito de despentear o cabelo para
não estar demasiado arranjado. Ou a gargalhada doce. Ou a cara emaranhada de
criança. Ou os olhos inchados das lágrimas que doíam mais que as minhas. Ou os
caminhos perdidos. Ou o cheiro das mãos. Ou o conceito de casa. Ou as músicas
que deixaram de ter seis minutos e quarenta e três segundos para durarem uma
vida inteira.
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