segunda-feira, 27 de outubro de 2014

As saudades são uma coisa feia. Não respiram pelo grande, pelo nobre, pelo vasto. Prendem-se ao pequenino e ao irrisório num jogo fútil em que o poder está do lado de quem não gosta mais. São picuinhas e são sujas. E subsistem desgraçadamente nos acessórios. Como a forma de pegar na garrafa de cerveja. Ou a maneira estúpida de fumar. Ou o jeito de despentear o cabelo para não estar demasiado arranjado. Ou a gargalhada doce. Ou a cara emaranhada de criança. Ou os olhos inchados das lágrimas que doíam mais que as minhas. Ou os caminhos perdidos. Ou o cheiro das mãos. Ou o conceito de casa. Ou as músicas que deixaram de ter seis minutos e quarenta e três segundos para durarem uma vida inteira.


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