segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lembro-me de querer ter saudades. E lembro-me de, quando me esqueci que trabalhavam melhor que a faca e o sangue e o fogo, encolher os ombros e rir-me, como se fossem uma desculpa frívola para olhos fracos.
Lembro-me que, quando invertemos os espaços e me deste a conhecer o vazio, quis tapá-lo com os álbuns de fotografias onde - achava eu - me tinhas encerrado a alma. Enterrei-me em lágrimas de fumo e em mãos que só queriam ser tocadas pela pele a ferver. Em lábios que não se cansam e em peitos que não sentem nada a não ser a falta. A falta como uma verdade perpétua que não é quebrada pelos beijos nem pelos lençóis nem pelas palavras. A falta que - ao contrário das saudades - não é o princípio de nada. Nem o fim de tudo.

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